A intenção de um homem é mais pura que mil ações...


Para você, o que vale é a intenção? O que vale é o que se pretende fazer ao feito? Você já sentiu nos côro¹ o que é fazer esta pergunta internamente, que mais se assemelha a um grito em um porão escuro para todos escutarem e ninguém parece dar a mínima, quando você fez algo antônimo à sua verdadeira intenção?

Tudo feito foi em vão, a única coisa que você quer é dar um bicudo² nos respectivos reprovadores de suas ações e apenas o reconhecimento do seu esforço e da sua verdadeira intenção.

Hoje quero falar sobre um caso destes. Uma entidade que tentou passar uma verdadeira mensagem de o que afinal é ser um homem de verdade, mas apenas foi considerado o seu estado físico no momento que suas palavras eram pronunciadas... apenas gargalhadas. Gargalhadas, eu digo.

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1. Nos côro. Expressão muito utilizada no interior do nordeste brasileiro. De uma forma que tenta passar força a voz, faz referência à pele.

2. Bicudo. Palavra vinda do latina que geralmente é dirigida (como adjetivo, claro) a pessoas de lábios finos e ponteagudos. Dependendo do contexto, pode vir a ter muitos outros sentido, mas sempre com a idéia central de algo pontudo. Em nosso texto, a palavra foi utilizada com um sentido muito utilizado na sub-região do seridó no RN, que é o do chute com a ponta do pé como ponto de impacto primordial.

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Seu nome: Jeremias José. Um jovem pensador, revolucionário-pseudo-utópico e filósofo que foi descoberto através do programa Sem Meias Palavras na cidade Caruaru/PE. Magro, bigode de cobrador de ônibus¹ e olhos dispersos, Jeremias encantou crianças, adolescentes, adultos e pessoas da terceira idade de todo o nosso país com sua irreverência e seus principais pontos de debate, exclusivamente voltados para a modernidade, durante sua aparição na TV: caráter da sociedade contemporânea, a questão da masculinidade no quadro atual do pais, o modo como deveríamos cuidar da generalizada violência e casos de roubo no território brasileiro, a forma como as bebidas alcoolicas estão sendo tratadas em locais públicos, as possíveis tendências da música moderna, o mal cujo qual a paima faz ao homem e (por incrível que pareça) as pontes de ligação entre a terra e o inferno.

Devido ao seu modo abstrato de transmitir o modo de pensar contemporâneo, que poderíamos até chamar de "Arte da Mente", o ilustre pensador acabou na cadeia e por um golpe de sorte conseguil passar suas idéias por meio da televisão e principalmente pela internet, fundamental fonte comunicativa para a passagem da palavra "J"².

Mas essa palavra foi mal compreendida devido ao baixo nível intelectual das camadas populares da sociedade brasileira, sendo até motiuvo de chacota com músicas intituladas Funk o Jeremias que nada passou de uma montagem de sua voz em um ritmo de funk. Jeremias teve uma intenção nobre, mas acabou sendo deformada pela maldosa mídia que não perdeu tempo em transfigurar seus pensamentos com imagens fortes e um áudio no mínimo apelativo. Abafando o verdadeiro feito do jovem rapaz e o jogando aos lobos...

É por isso que vim aqui tentar chamar a atenção de todos vocês para essa chama da intelectualidade moderna. Peço-lhes que se disfaçam de uma coisa e consigam outra para assistir novamente aos vídeos: a primeira é deixar de lado o preconceito e a segunda coisa é tentar ver com outros olhos, uns que expandem sua mente... tenho certeza que sua vida irá mudar.

A seguir, colocarei um breve resumo dos três vídeos feitos com Jeremias José do Nascimento


A grande primeira aparição

Sendo apresentado cordialmente pelo repórter do programa, Jeremias foi interrogado e apresentou suas idéias principais como:
a questão da masculinidade no quadro atual do país, entre outros. Sempre levantando debate sobre o amor materno e a horrível situação do Brasil em relação a roubos e assaltos. Por fim, apresentou seus dotes vocais de uma forma divina, dando uma verdadeira lição de vida sobre o que um homem pode fazer se realmente quizer seguir um sonho.

A volta de um ícone

Em sua segunda aparição a nível nacional, Jeremias já estava ciente de que sua palavra tinha sido passada para as massas de uma forma errônea e assim tentou não dar nenhum tipo de entrevista. Percebendo a insistência do repórter, o pensador tenta fugir do assédio falando sobre sua vida que leva de uma forma normal e sem incomodar a de ninguém. Sobre pressão, ele acaba novamente apresentando suas idéias sobre a questão do modo como o Brasil deve encarar os bandidos, ou como ele mesmo fala "Ladrão". Para expressar sua revolta contra a sociedade que não o compreende, ele manda vê com um grande mijão³ nas paredes da sociedade podre!

"... eu tow doido pra uriná!" (José J.)

Uma última vez

Como última aparição. Jeremias, decepcionado com sua nação e novamente na prisão, tenta esconder toda sua ideologia de vida e a nega para assim dar um fim aos seus consecutivos surtos de assédio por parte da mídia. E assim o fez... ainda hoje ele prega sua palavra, só que nunca mais irá tentar aparecer dessa forma novamente...




Jeremias José do Nascimento, um homem... uma vida...

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1. Bigode de cobrador de ônibus. Expressão muito utilizada na cidade de natal para indicar a presença de finos e curtos pêlos na região acima da boca onde deveria ter um bigode.

2. Palavra J. É como é chamado todos os ensinamentos deixado pelo pensador Jeremias José.

3.
Mijão. Palavra de origem desconhecida, mas muito utilizada no eixo RN / PE. Quando utilizada, o enunciador tenta através desta passar ao seu co-enunciador que sua vontade de ir ao banheiro fazer o número um está muito grande e que quando fizer vai ser aliviante.